Cidade Selvagem - Publicação atual da Mythos Editora. |
Há
exatos 10 anos, a série Cidade
Selvagem
(Fell)
foi iniciada pela dupla Warren Ellis e Ben Templesmith. No momento,
esse trabalho está suspenso em virtude de outros compromissos por
parte de Templesmith. Mesmo assim, na edição mais recente, publicada
no Brasil pela Mythos Editora, é possível entender e acompanhar as
histórias que estão basicamente fechadas. Apenas uma resposta ou
outra escapa, algo que deve ser esclarecido caso a série seja
retomada. As publicações de Cidade
Selvagem,
mesmo interrompidas, receberam indicações para o Prêmio Eisner (um
dos mais badalados no mundo das HQs) - a publicação da Mythos pode
ser encontrada em alguns sites, inclusive, sob um preço promocional no formato
de capa dura.
A
trama:
Baseia-se no cotidiano do detetive Richard Fell, transferido por
motivos não claros, para a cidade de Snowtown. Tal acontecido impede
até mesmo Fell de visitar a sua localidade anterior, a qual Fell se
refere como “o outro lado da ponte”. Agora residindo na cidade de
Snowtown, é preciso lidar com grave falta de detetives disponíveis
diante dos casos, o que acentua ainda mais o endurecimento de Fell, e
torna a sua rotina deveras assoberbada à medida que a história se
desenvolve.
A
Cidade:
Em Snowtown, o detetive Fell encontra um ambiente lúgubre, repleto
de crimes pesados e pela atitude blasé de seus habitantes. Diante de
tantas situações criminosas, destaca-se o fisiologismo da cidade,
dos seus habitantes que simplesmente ignoram fatos graves, reforçados
pelas atitudes de indiferença e das autoridades que remancham
processos, investigações, inquéritos, ao se alinharem com práticas
corruptas.
Como
trabalhar em uma cidade assim? Uma das válvulas de escape
encontradas por Fell aparece nos seus desabafos diante de Mayko – possivelmente a sua única amiga em Snowtown. Uma descendente de
vietnamitas, dona de um bar praticamente vazio, onde Fell, além de
abrir-se sobre as situações cascudas que tem de enfrentar, vai
beber um pouco e pedir ajuda da própria Mayko ao longo das
investigações.
Roteiro:
Assinado pelo grande Warren Ellis (autor de sucessos como Transmetropolitan,
Planetary,
The
Authority)
é o ápice da edição, traçada por caminhos impressionantes em
torno dos crimes, além dos diálogos ácidos e repletos de ironias
finas:
Desenhos:
Ben Templesmith aposta em traços que imprimem um tom expressionista
aos personagens, ao mesmo tempo em que lança formas mais
caricaturais (o que não me agradou muito). Neste tópico, destaco os
desenhos dos ambientes, que são muito bons e contribuem para a
construção de uma atmosfera sombria nas ruas de Snowtown. Isso pode
ser visto, por exemplo, nos momentos mais andarilhos do detetive Fell
e nas situações de franca violência urbana, além dos espaços
internos, tais como necrotérios, muquifos e orlas desertas.