segunda-feira, 1 de julho de 2013

Renato Russo Sinfônico: Um Espetáculo Para Ser Esquecido - Por Giba Carvalho


Tenho certeza de que a noite do dia 29/06/2013 deve ser esquecida. Tive a coragem de assistir à homenagem que resolveram prestar ao maior poeta do rock brasileiro. O concerto intitulado – “Renato Russo Sinfônico” foi um fiasco. Com certeza, Renato Russo revirou centenas de vezes no caixão para tentar tapar os ouvidos. Seguem comentários, música a música do que foi feito pelos “grandes nomes da música nacional”:
  • Banda de apoio  - “Fábrica” – Horrível! Certamente a banda do Faustão faz melhor;
  • Sandra de Sá – “Mais do Mesmo” –– Se alguém abriu a boca para dizer algum dia que Sandra de Sá cantava muito, irá se arrepender profundamente! Errando a letra, gritando o tempo todo e desafinado ao extremo;
  • André Gonzales – “Ainda é cedo” - Abaixo do tom. Terrível! Tentativa de cópia fajuta! Fez no palco o mesmo que faz na medíocre Móveis Coloniais de Acaju;
  • Zélia Duncan – “Eu sei” – Não inventou. Cantou com sua voz naturalmente grave. Ainda assim, com pequenos erro de execução que incomodariam qualquer pessoa que conhece a música em questão;
  • Jorge Du Peixe – “Soldados” – a execução do arranjo foi a melhor da noite. Já a execução vocal da música, eu resumo do seguinte modo: “Jorge Du Peixe, você só serve pra Nação Zumbi”;
  • Luiza Possi e Zizi Possi – “Pais e filhos” – já começou piegas. A escolha de chamar a mamãe Zizi e a filhota Luiza é mais óbvio do que água ferver no fogo. Pra variar, mais uma vez, a versão começou trágica com a “filhota” tentando chegar ao tom que Renato cantava. Depois disso, aconteceu uma das maiores tragédias já ouvidas na música nacional. Zizi Possi, você conseguiu superar aquele comercial insuportável de um disco seu em italiano! (Per amoreeeeeeeeeeeeee).  Parecia que estava cantando a música pela primeira vez.  É verdade que durante a execução, a “filhota” foi melhorando a interpretação (talvez por ver os apuros que “mamãe” estava passando), mas longe de ser algo no mínimo audível. A primeira vez que fiquei decepcionado mesmo, afinal, a letra de Pais e Filhos, tem aquela que considero a frase mais bonita do rock n´ roll nacional até hoje: “É preciso amar, as pessoas como se não houvesse amanhã.”;
  • Ann Marie Calhoun – “Por Enquanto / Quando o sol bater na janela do teu quarto” – execução normal e até o momento a interpretação mais refinada do show. O público cantou como nenhum outro. Achei estranho chamarem uma violinista americana para tocar a obra de Renato Russo. Tenho certeza de que ela jamais ouviu algo dele antes deste convite;
  • Ivete Sangalo – “Monte Castelo” – ao perceber que Ivete Sangalo seria a próxima a cantar no show, pensei: “E agora?” Claro que é complicado falar de uma artista que você simplesmente detesta tudo que ela faz. No entanto, procuro sempre ter o mínimo de bom senso com as coisas. “Ivete Sangalo sabe tudo de canto.” Quem nunca me ouviu dizer isto, atire a primeira pedra! Ela não fez nada de excepcional, não é a praia dela. Mas cantou. E cantou bem. Apenas um pequeno erro de tempo e uma coisa que acho terrível e que vários artistas fazem (principalmente nestas homenagens). Fingir que está cantando de “olhinhos fechados...sentindo aqueeeeeeeela emoção” e na verdade estar  olhando pra telinha pra saber a letra da música;
  • Lobão – “Perfeição” – sem sombra de dúvidas, a música mais atual pra realidade brasileira desde que foi composta. Um arranjo simplesmente tenebroso da Orquestra de Brasília. Uma interpretação de Lobão não pode ser algo de espetacular, mas no mínimo atina a curiosidade. O “reaça” (valeu Gustavo Paes), com seu jeitão peculiar escolheu a música certa e cantou como quis. No final, ainda tentou tirar uma “onda” de Renato Russo. Mas aí já é demais;
  • Ellen Oléria – “O Teatro dos Vampiros” - recordo que estava num barzinho chamado Espetinho Parnamirim quando na TV passava a final no famigerado programa - “The Voice Brasil”. Lembro que apenas uma única cantora chamou a minha atenção. Era uma menina da Bahia que cantava a brasilidade. No mais, todos os outros candidatos, sempre levavam consigo a influência insuportável do pior da música americana. Aquele jeitinho meio “Whitney Houston Forever”, cheio de vibratos desnecessários e tudo mais. A interpretação desta moça pra um dos maiores clássicos da Legião Urbana foi sofrível! Ah...ela que ganhou o programa?
  • Fernanda Takai – “Giz” – é verdade meus caros! Não há nada que abomine mais do que esta moça cantando. E vestida de Fred Flinstone ainda por cima... Na verdade, quem disse um dia que ela cantava alguma coisa? São estas perguntas que costumeiramente faço quando escuto suas “interpretações”.  Escolheram logo a música que Renato Russo mais gostava e deram para que um crime hediondo fosse cometido. Aqui pra nós, uma moça que precisa ser acompanhada em 90% da música pelo cantor de apoio da banda pra mim já diz tudo. “Te aposenta e vai cuidar dos teus filhos ou cantar em japonês minha filha!” 
  • Hamilton de Holanda – “Índios” – assim como os músicos da Legião tiveram o mérito de compor a canção original, o espetacular bandolinista Hamilton de Holanda teve o cuidado necessário para não desvirtuar a original e fazer o momento mais especial do show. Excelente interpretação;
  • Jerry Adriani – “Tempo Perdido” – foi o músico educado da noite. Solicitou palmas para os músicos de acompanhamento e para a “maravilhosa” Orquestra que acompanhava o “espetáculo”. No mais, foi o mesmo cantor “meia-boca” que sempre foi, desde a época da Jovem Guarda. Aquela mistura de rocker com tenor. Só pode dar numa merda de imensas proporções;
  • Alexandre Carlo – “Faroeste Caboclo” – para quem não sabe, o escolhido para cantar o maior clássico da Legião Urbana foi o vocalista da “pop-reggae” – Natiruts. Não houve mistério ou algo de especial no arranjo. Nada de muita dificuldade para a execução do rapaz, muito embora, algumas vezes parece que faltou fôlego para cantar a música. E ainda na primeira parte da canção. Meus amigos, quando entrou a parte “rock n´roll” da música o rapaz se borrou! Tenho certeza! “Fralda geriátrica nele, galera!” Como diria um amigo – “mais fraco do que choque de lanterna!”;
  • Renato Russo (em imagem) – “Há tempos” – “Disciplina é liberdade. Compaixão é fortaleza. Ter bondade é ter coragem.”
  • Medley – “Será” (com participação de Renato Rocha, ex-baixista da Legião Urbana que estava vivendo nas ruas). Um show de horrores. Sem mais!

É complicado e ao mesmo tempo fácil opinar quando se é fã. Cresci ouvindo as músicas de Renato Russo e tenho certeza de que ele merecia muito mais. No entanto, alguns fatos devem ser citados. Vivemos num país totalmente “idiotizado” em vários sentidos. No ramo musical, nem se fala. A pobreza cultural do que é vendido e divulgado é simplesmente a cara do povo. Não é à toa, que um “espetáculo” fraquíssimo como o assistido ontem, tenha lotação esgotada. Isto é carência! Daquilo que foi feito e que passou alguma coisa de importante para uma geração. Infelizmente os nomes que estiveram em cima do palco (sem generalizar) não condizem com a grandiosidade do artista. Mas, para a mídia, é o que é “vendável”. Já, já; outro CD - DVD – Blue-Ray deste show estará nas lojas. E assim segue a vida musical do Brasil. Um misto de saudade, putaria e péssimo gosto!

Observação - costumo citar que 90% dos críticos musicais do país são meros leitores de releases. Um dos maiores crimes contra a música nacional foi o idiota que afirmou: "Fernanda Takai é a nova Nara Leão".