A cantora Anitta. Fonte: Google Imagens. |
“Ser bom nos negócios é o mais
fascinante tipo de arte. Ganhar dinheiro é arte, trabalhar é arte e um bom
negócio é a melhor arte.” – Andy Warhol
Parem as máquinas! Lá vem o turbilhão
avassalador chamado Anitta, que de malandra não tem nada.
Todo ser-humano é movido por desejos. A chama que
queima seu interior, seja para cantar, interpretar, escrever, cozinhar, criar,
dançar e todo resto. Noutra época, esta chama de vontade, era conhecida como “Élan
Vital” (H. Bergson) que, nada mais é, do que aquilo que nos impulsiona, que nos
trás tesão na realização. Após conquistar milhões de fãs por todo Brasil,
Anitta decidiu alçar um vôo maior. A conquista do mercado norte-americano é o
sonho de consumo de todo e qualquer artista do mundo POP (e não é um desejo apenas
de nomes da música atual). Com ela não seria diferente. E, sem maiores celeumas,
penso ser bastante normal.
Cada época cria a arte que lhe é própria, isto é um
fato claro. Foi-se o tempo que o sucesso de um artista era medido pela
quantidade de discos vendidos e de shows. O Mundo POP atual, é movido
basicamente por likes, compartilhamentos, número de audições e visualizações
nos sites e aplicativos. E são milhares deles! Neste quesito específico, a
menina da Zona Norte do Rio, deu um “banho” de planejamento e execução em
todos. Obviamente, que isto não ocorreu gratuitamente. Anitta contratou uma
empresa estrangeira para tomar conta de sua carreira, com foco no objetivo
principal. De imediato, parou com os lançamentos sucessivos de discos (o último
foi em 2015) e partiu para uma nova estratégia de mercado. Esta consistiu no
lançamento de quatro videoclipes (um por mês) de um novo single e com produção gringa
(inclusive, o nome dos três singles anteriormente lançados, também são em
inglês). Este foi o Projeto CheckMate.
Inicio este
texto citando Andy Warhol. E, inevitavelmente, relembrei outra frase dele ao
tomar conhecimento deste projeto – “...não
importa o quanto você seja bom. Se não for promovido da forma correta, você não
será sequer lembrado.” Seria leviano de minha parte afirmar que na questão
de números, o CheckMate não foi um sucesso absoluto. Vamos a eles:
- “Vai, Malandra” ficou entre as 18 músicas mais ouvidas no mundo no Spotify;
- Foi a primeira música em português a entrar no Top 20 da plataforma;
- Mais de 25 milhões de visualizações no Youtube;
Reconheço o mérito da cantora, porém, isto é bastante diferente das afirmativas que
li nos últimos dias sobre a ascensão metórica no mercado internacional.
Faz muito tempo que repito que as carreiras de artistas de aço foram por água
abaixo com as plataformas de internet. O fim das gravadoras trouxe
consequências trágicas para a música. A cada segundo, milhares de novos
“artistas” surgem em todo e qualquer buraco do mundo e, alguns destes, são
elevados a patamares quase divinos sem o menor crivo de qualidade. Apenas por serem legais,
divertidos, ou engraçados. Esta é a tônica.
Anitta não faz parte deste meio, é fato. E, por já ser
um sucesso dentro do Mainstream Pop-Tupiniquim, usa de certas benesses que tal
meio proporciona. Primeiramente, a quantidade absurda de dinheiro que corre por
baixo dos panos (muitas empresas envolvidas). Segundo, por ser “sister” do
Jornalismo domesticado de críticos lerdos (que apenas leem releases) e das
inúmeras assessorias de imprensa que vendem seus serviços facilmente. Para
finalizar, inegavelmente, Anitta tem muitos fãs que a sustentam pagando caro nos seus shows. Contudo,
isto é completamente divergente de uma conquista de carreira internacional.
Ainda que, seja o maior promovedor de tralhas da face da Terra, o nível de
exigência para adentrar no mercado estadunidense é elevadíssimo. Na minha
opinião, Anitta erra gritantemente no formato escolhido: “Latina, sexy,
sensual, marquinha de biquíni, brazilian girls, brazilian butts, etc...” Isto
já está bem manjado do Morro do Vidigal hasta Puerto Rico de los
“despacitos de la vida”. Simplesmente, mais do mesmo!
Musicalmente, Anitta continua péssima! Para mim, este é o ponto principal. Os três primeiros clipes deste projeto são sofríveis. As músicas da mesma forma. Porém, mesmo detestando Funk e achando “Vai, Malandra” uma música igualmente medíocre, penso ter sido um acerto no quesito estilo. Por quê? Porque uma coisa é não gostar de Funk e assumo que não gosto. Outra coisa, é negar o Funk como representação cultural popular. Neste ponto específico, aos 45 do segundo tempo, Anitta marcou o gol. E o gol só saiu porque ela foi mais Brasil e menos “americána”. Se isto será suficiente para que o projeto obtenha o sucesso desejado, não saberia informar (acho pouquíssimo provável) mas, que causou um furor gigantesco entre público e mídia, é fato latente. A propósito, como costumo sempre ressaltar, concentro minha atenção na música e, ainda que, as redes sociais possuam esta capacidade aglutinadora de correntes solidárias, não utilizarei a pecha bastante usual da “solidariedade à distância”. A relação tão corriqueira com o “outro generalizado”. Até porque, não adianta falar para um público emocionalmente histérico, afeito unicamente a “modas de comportamento” (a arte é completamente dizimada nestas brigas) e, que no final, são igualmente “legais” e “fofinhos”.
Musicalmente, Anitta continua péssima! Para mim, este é o ponto principal. Os três primeiros clipes deste projeto são sofríveis. As músicas da mesma forma. Porém, mesmo detestando Funk e achando “Vai, Malandra” uma música igualmente medíocre, penso ter sido um acerto no quesito estilo. Por quê? Porque uma coisa é não gostar de Funk e assumo que não gosto. Outra coisa, é negar o Funk como representação cultural popular. Neste ponto específico, aos 45 do segundo tempo, Anitta marcou o gol. E o gol só saiu porque ela foi mais Brasil e menos “americána”. Se isto será suficiente para que o projeto obtenha o sucesso desejado, não saberia informar (acho pouquíssimo provável) mas, que causou um furor gigantesco entre público e mídia, é fato latente. A propósito, como costumo sempre ressaltar, concentro minha atenção na música e, ainda que, as redes sociais possuam esta capacidade aglutinadora de correntes solidárias, não utilizarei a pecha bastante usual da “solidariedade à distância”. A relação tão corriqueira com o “outro generalizado”. Até porque, não adianta falar para um público emocionalmente histérico, afeito unicamente a “modas de comportamento” (a arte é completamente dizimada nestas brigas) e, que no final, são igualmente “legais” e “fofinhos”.
Gostaria de
lembrar aos leitores e fãs da cantora, alguns pontos. Inegavelmente, a arte
de qualquer período tende a servir aos interesses da Classe Dominante. Com
Anitta não é diferente, muito embora, no clipe de “Vai, Malandra”, ela tente
passar uma imagem contrária. Em contrapartida, insisto na afirmativa de que o
relevante de nossa música (do Rock ao Samba), está no Underground. Nas
esquinas, vielas e pequenos palcos desta vida. Basta que a gente queira ouvir, enxergar
e ajudar. É um trabalho árduo e para poucos. Mas,
quem foi que disse que as coisas que valem a pena são fáceis? Fácil mesmo, é apontar
o dedo e limitar a discussão na quantidade de celulite das bundas alheias.