domingo, 17 de junho de 2012

Pelo resto da vida - por Gilberto da Costa Carvalho






     Durante esta semana que passou fiz algumas postagens no Facebook com uma contagem - "7 days to 70". Estas, eram acompanhadas por um video e a letra da música. O mundo da música está em festa neste 18 de Junho. Sir Paul McCartney completa 70 anos de idade. E eu me pergunto:

"Como se perpetuar no tempo?"

Após os históricos shows do Arruda, meu amigo Carlos Eduardo Montenegro escreveu algumas palavras. Tomo a liberdade de postar alguns trechos:

"Como grande fã que sou de Paul e dos Beatles, fui aos dois shows na capital pernambucana. No primeiro, fiz a loucura financeira de ir para a passagem de som antes da abertura dos portões. Uma experiência que começou as 12h do sábado, quando cheguei ao Arruda e passou pelo chá de cadeira que levamos até as 17h, quando a mesma teve início. Neste período, apesar do custo que todos os 165 pagantes tiveram, pasmem, nenhuma reclamação contundente, nenhum protesto. Apenas apreensão de que a passagem de som tivesse sido cancelada pela demora. Quando a passagem de som era, repetidamente, confirmada pela produção, a disposição de esperar por até mais uma semana, voltava a cabeça e corpo de todos. Ao ouvir os primeiros acordes, tive um gostinho de como seria o fim de semana. Bastou o Sir entrar no palco, que uma nuvem de emoção invadiu o Arruda. Famílias abraçadas, um pai com seus 3 filhos (o mais velho, com no máximo 15 anos) frisando que eles é que insistiram pra ir ao show, uma família inteira do Chile, todos emocionados...Ao terminar a passagem de som, pudemos ir a pista Premium e aí começou o mais novo esporte olímpico, os 100 metros Paul. Uma correria só e olhe que o estádio estava vazio. Como eu iria esperar meus familiares e amigos, tomei a melhor decisão da noite. Fui para a frente da entrada da pista e fiquei observando o público que começava a chegar. Aí meu amigo, foi mais lindo ainda... Não havia um cidadão que não manifestasse um pingo de emoção ao entrar no estádio. Um punho cerrado, um abraço coletivo, gente rezando, fazendo o sinal da cruz, choro fácil, pulando que nem uma gazela, casais olhando pro palco e se beijando, pais sendo amparados pelos filhos e aí vai... Um dos momentos mais emocionantes do fim de semana."

E eu volto a me questionar: 

"Como se perpetuar no tempo?"

    Confesso que tenho dificuldades para falar algumas coisas. Mas seria injusto comigo mesmo tentar segurar este tipo de emoção. Os shows de Paul McCartney são um capítulo a parte na minha história. Meus caros..."não é um show...é uma experiência de vida." 


    Na verdade, eu só tenho a agradecer e lembrar de todas as sensações vivenciadas. Tantos falam em dinheiro, quando deveriam falar em música. Em sentir...viver. 


    Quem mais me deixaria paralisado por quatro músicas seguidas? Qual dinheiro do mundo pagaria o que senti neste exato momento?


É Paul...são 70 anos de vida.


     Vida que se confunde com vidas. Com momentos, como o pedido de noivado do primo de Dudu em pleno show, com as famílias se confraternizando, como a superação de Tio Paulo a claustrofobia para chorar copiosamente abraçado aos filhos em "Something", como um casal que dançava de rostinho colado "And I love her". Alguém consegue colocar cifrões em emoções?


Falando por mim, posso dizer com a maior certeza do mundo: "Obrigado Paul".


     Obrigado por todos os momentos, todas as músicas, todos os meus amigos que puderam e não puderam estar comigo nos teus shows, por todas as pessoas que estavam lá. Obrigado por me fazer sentir, por me fazer pular e ficar rouco. Obrigado por me fazer crer na música, por todas as melodias geniais. Obrigado por me fazer sorrir. Obrigado por um abraço certo...ainda incerto.


     Mas, o que é mais importante para mim, é agradecer pela aproximação ainda que espiritual com meu pai. De ter a certeza de que a cada música que escuto nos teus shows, lembro da Fita Cassete BASF - 60 minutos que ganhei de presente. E mesmo que inconscientemente, todas as músicas cantadas, todos os gritos e lágrimas, como as que rolam por meu rosto agora, são demonstrações daquilo que a vida não me permitiu lhe dizer. "If you were here today..."

"Como se perpetuar no tempo?"

Fácil! Basta acreditar que "um NANANANA", pode melhorar o mundo.

Parabéns Paul! 

I'll love you for the rest of my ...
For the rest of my life".


Dedicado a Paul McCartney, meu pai, e a Carlos Eduardo Montenegro representando todos os meus amigos.
















6 comentários:

  1. Giba, tenho gostado bastante de ler seus últimos escritos pela densidade emocional que se pode encontrar neles. Bravo, meu querido! Bem sabes de minha desconfiança quanto aos messias do arte (ou entretenimento?), por isso, com todo o respeito ao seu amigo, essa atitude complacente e submissa, devota mesmo, deixa-me bastante cismado. Mas, essa reflexão eu já fizera anteriormente no texto "The Walking Dead". No entanto, você oferece o contraponto àquilo que expus e isso é muito importante. A pluralidade de perspectivas é fundamental!

    Um abraço!

    ResponderExcluir
  2. Emoção pura, Giba.. parabéns pelo "post" e pela dedicação que você dispensa ao Mestre Paul. Mesmo tendo vivido intensamente essa época de ouro para o pop universal, que foi a Era Beatles, também tenho ótimas recordações ao ler um texto carregado de sentimento como esse.

    ResponderExcluir
  3. Meu camarada, pabéns pela honestidade e fidelidade às próprias emoções do seu artigo!! Parabéns pra você, pelo texto e pelas emoções vividas (que eu compartilhei com você naquele sábado no Arruda, quando tb fui pro show).

    Federico García Lorca e todos os ciganos da Andaluzia falam de uma energia avassaladora chamada "el duende". Não se trata dos duendezinhos que estamos acostumados a imaginar nos jardins, mas é um magnetismo irresistível que os gênios têm. Tem gente que 'toca difícil', que é intelectal da música, que domina um meio mundo de técnicas, que ouviu tudo e... tem gente quem "tem el duende". Pra mim, os Beatles e, depois, Paul, são um exemplo monstruoso dessa energia. O cara que toca "qualquer coisa" e o mundo se rende. Alguma dúvida?

    Forte abraço, e obrigado pela energia sincera das confissões desse seu texto, meu querido.

    ResponderExcluir
  4. Carlos Eduardo Montenegro18 de junho de 2012 às 16:11

    Obrigado, meu caro amigo!! Para mim, a chave de se perpetuar no tempo é fazer o difícil parecer fácil. E quando isso acontece, é facílimo se emocionar. Paul e os Beatles foram mestres nessa arte. Um abraço e parabéns pelo texto.

    ResponderExcluir