Se há alguns atores que não conseguem se livrar do estigma de um papel, alguns músicos também não conseguem se livrar de alguns dos seus sucessos ou de sua antiga banda. Noel Gallagher bem que tentou no seu primeiro disco com seu novo projeto, o homônimo High Flying Byrds. O disco tinha canções ótimas e muito bem trabalhadas do ponto de vista de arranjos e melodias como “The Death of You and Me” e “Wrongbeach”. Após um hiato de pouco mais de três anos ele volta com o mesmo projeto e um novo disco, Chasing Yesterday. No entanto, basta ouvir a primeira música do álbum para percebermos de imediato que Noel Gallagher ainda não se livrou dos fantasmas do Oasis e de sua canção mais conhecida, “Wonderwal”.
“Riverman”, faixa de
abertura, sintetiza todos esses fantasmas que ainda circundam o músico. Tem
aquele mesmíssimo violão de "Wonderwall" sem possuir a maior virtude desta que é uma irresistível levada pop. É somente
mais uma música que poderia estar em qualquer um dos
piores discos do Oasis. Acrescente-se a isso um solo de guitarra completamente
sem sentido e teremos um péssimo exemplo de música “inspirada” em outra. A
falta de originalidade não se resume apenas à “Riverman”. “In The Heat of The Moment”, “The Dying of The Light”,
“While The Songs Remains The Same” e “Ballad of The Mighty I” são faixas que
parecem estar no disco apenas para acrescentar tempo. São enfadonhas e
sem um pingo de originalidade nos arranjos, além de terem melodias pouco
cativantes.
Os melhores momentos do disco
estão na segunda metade. Há algumas faixas que merecem destaque. “The Mexican”
com sua levada “stoneana” e um excelente riff
talvez seja o ponto alto do disco. As melhores faixas do disco, na verdade, são
aquelas em que o músico arrisca colocar as músicas mais aceleradas e levar mais
para um lado rock n´roll. Funcionam bem nesse sentido “Lock All The Doors” e “You Know We Can´t Go Back”. A
exceção a essas faixas mais aceleradas é “The Right Stuff”, mais próxima de uma
balada, mas com um ar soturno com trechos de sax e efeitos psicodélicos. O
backing vocal de Joy Rose ajuda a ressaltar esse caráter psicodélico da música.
Se há um adjetivo para classificar Chasing Yesterday é mediano. Metade das
faixas têm ótimos arranjos ou melodias e outra metade carece de um mínimo de
inspiração. Tomara que num próximo álbum, Mr. Gallagher retome a inspiração do
primeiro disco do High Flying Byrds.
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