Cavaleiro da Lua em um Pop-Magritte. |
A
primeira coisa que você deve saber para se situar em o Cavaleiro Da
Lua 4 e 5 é: desconsidere a numeração das edições! Isso,
porque, ao serem publicadas pela Panini em meados de 2017, as duas
revistas saíram com as numerações 4 e 5 no Brasil, quando, na
realidade, integram uma nova saga iniciada em 2016 e que segue, até
o momento, nos Estados Unidos.
Esclarecida
a confusão, é bom registrar outra coisa fundamental: não é
preciso ter conhecimento prévio sobre o Cavaleiro da Lua para ler
ambas as edições publicadas aqui no Brasil. Isso porque, os dois
volumes de O Cavaleiro da Lua fazem parte de um reboot
feito
pela Marvel em 2015,
o All-New,
All-Different Marvel
–, uma resposta a outro reboot feito pela concorrente DC poucos anos antes. O que isso significou?
Bem, que uma parte dos personagens icônicos dessas editoras foram
“zerados” e deram início a novas sagas, inclusive com enredos
diferentes das narrativas mais clássicas e já consolidadas pela
mídia.
Sobre
as edições:
Ambas foram lançadas por um preço acessível (menos de R$ 20), mas
que, infelizmente, até o momento estão esgotadas. Oxalá, as
edições sejam relançadas e que venham em um formato de capa dura.
O volume 4, do Brasil, compreende Moon
Knight 1-5,
enquanto o volume 5 traz Moon
Knight
6 a 9 e Moon
Knight
2, de 1980. Atenção aqui! A reedição de Moon Knight 2, de 1980,
também pode ser encontrada na série Paladinos Marvel (também
publicada pela própria Panini). É verdade que, por um lado, houve
redundância ao se trazer parte de uma revista já publicada pela
própria editora Panini para as bancas, livrarias e sites.
Por outro lado, a inserção do volume 2, de 1980, tem um propósito
compreensível, uma vez que busca contribuir para o melhor
entendimento sobre o que está a ocorrer com o Cavaleiro da Lua nas
histórias, além de tornar a edição mais rica e variada,
sobretudo nos quesitos de narrativa e de ilustração.
Sobre
o Roteiro:
O Cavaleiro da Lua caiu nas mãos de Jeff Lemire, já conhecido por
outras realizações, dentre elas o Arqueiro
Verde
(2013-2014) e Essex
County.
Na Marvel, Lemire aproveitou que o Cavaleiro da Lua é um personagem
completamente maluco para inserir o leitor em um mundo conflitivo e
labiríntico, seja nas viagens surreais dos personagens, seja no
ponto de partida da trama. Vide a situação kafkiana, vivida por
Marc Spector, que de repente se vê dentro de um hospício sem saber
como foi parar nele e por qual motivo (além de ser considerado
louco) foi bater lá.
Sob
o roteiro de Lemire, não espere uma trama mais clichê sobre o que
pode ser uma HQ de super-herói, haja vista o tom da narrativa se
apresentar muito mais pautado pela subjetividade e transtornos de
personalidade, do que pelo viés da ação, da pancadaria, das
explosões e companhia limitada. Com um arco repleto de complexidades
e incertezas, o leitor passará a duvidar se o aquilo que o
personagem vivencia é algo plausível ou apenas parte de sua loucura
– um ponto onde se tem grande chance de mergulhos em fluxos
intrigantes, à medida que surgem diferentes situações e cenários.
Sobre
as ilustrações:
Acredito ser o ponto mais alto das edições. Um grande trunfo foi
trazer Greg Smallwood em um trabalho sensacional, ao explorar o
negative
space,
ou seja, as partes mais básicas da folha de papel, redimensionando
as bandas dos quadrinhos e abrindo mão de limites mais convencionais
das cores e dos traços. Vejamos um curto exemplo disso em O
Cavaleiro da Lua:
O Negative Space, por Greg Smallwood. |
Capa de Moon Knight 1, por Greg Smallwood. |
Para
coroar ainda mais a qualidade das edições, ao longo dos volumes, um
time de mais desenhistas não menos competentes começa a entrar:
Wilfredo Torres, Francesco Francavilla e James Stokoe imprimem uma
base mais ainda mais plástica, tanto para alternar a parte gráfica
das páginas, quanto para sinalizar melhor para o leitor as viradas
entre as diferentes cenas e personalidades apresentadas.
Ora
diante do ex-mercenário Marc Spector, ora ante o milionário
hollywoodiano Steven Grant, o taxista Jake Lockley, o piloto
intergaláctico, além do deus egípcio Khonshu, nos deparamos com a
pergunta derradeira: Qual entre eles seria o verdadeiro Cavaleiro da
Lua? Qual seria o real, ou mais: dentre tantas fendas e facetas,
haveria algum real para nós?
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