quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Metallica - A Biografia - por Fernando Lucchesi


Confesso: Nunca fui um grande fã do Metallica. Gostava de muitas músicas do álbum preto, algumas poucas da fase Load/Reload e mais uma música ou outra. Sempre tive preconceito com a fase considerada mais pesada do Metallica, ainda mais pelo termo “Trash”, cuja simples menção já me provoca reações alérgicas. Mas todo esse preconceito foi derrubado depois de ler Metallica: A biografia, de autoria do jornalista inglês Mick Wall, responsável por outra excelente biografia de banda “Quando os gigantes caminhavam sobre a Terra”, sobre a carreira do Led Zeppelin.
O livro, de certa forma, corrobora o que já tinha sido visto antes no documentário “Some kind of monster”, mas obviamente vai mais além, pois resgata memórias do início do Metallica, antes mesmo de Cliff Burton se juntar à banda. No livro, é possível compreender como um jovem tenista europeu frustrado com a carreira (sim, Lars Ulrich, na sua adolescência, tentou se profissionalizar como tenista) e um jovem retraído, que teve uma educação religiosa rígida, conseguiram se juntar e formar os alicerces do gênero que seria conhecido como Trash Metal.
Apesar de o autor conhecer os integrantes da banda e ter uma certa proximidade com Lars Ulrich, não há condescendência do autor para com nenhum dos integrantes. Vários temas espinhosos são tratados, inclusive um que muitos poucos se aventuram a falar, que é a saída da banda de Ulrich, orquestrada por Burton-Hetfield, pois os dois acreditavam que o baterista estava estagnado tecnicamente. A saída nunca chegou a se concretizar, pois alguns dias depois Burton viria a falecer. Não há como negar que o livro está concentrado nas figuras fundadoras da banda (Hetfield/Ulrich), mas isso não impede de termos passagens bastante extensas dos outros integrantes, principalmente de Cliff Burton, pois foi ele quem deu um direcionamento musical para a banda. Os fatores que levaram à sua morte são minuciosamente analisados e a tragédia chegou a pôr em cheque a continuidade da banda.
Outro aspecto bastante relevante é a guinada dada pela banda com o “Álbum preto”. Os fãs mais fervorosos do estilo rápido e agressivo da banda ficaram espantados, negativamente, quando do lançamento do disco. O produtor Bob Rock, conseguiu extrair da banda a sonoridade que ela queria: um som mais desacelerado, mas que não deixava o peso de lado. As vendas do disco catapultaram o Metallica ao posto de maior banda de Heavy Metal, a ponto de competirem em termos de vendagem com fenômenos pop, como Madonna e Michael Jackson, mas também deu munição para os detratores da banda acusá-los de se “venderem ao sistema”. O único assunto que visivelmente irrita os integrantes da banda, principalmente Ulrich, é a batalha judicial movida pela banda contra o Napster. À época, a banda tinha plena convicção do que estava fazendo, mas o tempo mostrou que ela estava equivocada e isso provocou uma reação violenta dos próprios fãs da banda.
Por fim, mesmo que você não goste da banda, ou como eu, que tinha preconceito com o som inicial da banda, esqueça e aproveite essa excelente biografia.     

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