Confesso:
Nunca fui um grande fã do Metallica. Gostava de muitas músicas do álbum preto,
algumas poucas da fase Load/Reload e mais uma música ou outra. Sempre tive
preconceito com a fase considerada mais pesada do Metallica, ainda mais pelo
termo “Trash”, cuja simples menção já
me provoca reações alérgicas. Mas todo esse preconceito foi derrubado depois de
ler Metallica: A biografia, de autoria do jornalista inglês Mick Wall,
responsável por outra excelente biografia de banda “Quando os gigantes
caminhavam sobre a Terra”, sobre a carreira do Led Zeppelin.
O livro, de
certa forma, corrobora o que já tinha sido visto antes no documentário “Some
kind of monster”, mas obviamente vai mais além, pois resgata memórias do início
do Metallica, antes mesmo de Cliff Burton se juntar à banda. No livro, é
possível compreender como um jovem tenista europeu frustrado com a carreira
(sim, Lars Ulrich, na sua adolescência, tentou se profissionalizar como
tenista) e um jovem retraído, que teve uma educação religiosa rígida, conseguiram
se juntar e formar os alicerces do gênero que seria conhecido como Trash Metal.
Apesar de o
autor conhecer os integrantes da banda e ter uma certa proximidade com Lars
Ulrich, não há condescendência do autor para com nenhum dos integrantes. Vários
temas espinhosos são tratados, inclusive um que muitos poucos se aventuram a
falar, que é a saída da banda de Ulrich, orquestrada por Burton-Hetfield, pois
os dois acreditavam que o baterista estava estagnado tecnicamente. A saída
nunca chegou a se concretizar, pois alguns dias depois Burton viria a falecer.
Não há como negar que o livro está concentrado nas figuras fundadoras da banda
(Hetfield/Ulrich), mas isso não impede de termos passagens bastante extensas
dos outros integrantes, principalmente de Cliff Burton, pois foi ele quem deu
um direcionamento musical para a banda. Os fatores que levaram à sua morte são
minuciosamente analisados e a tragédia chegou a pôr em cheque a continuidade da
banda.
Outro aspecto
bastante relevante é a guinada dada pela banda com o “Álbum preto”. Os fãs mais
fervorosos do estilo rápido e agressivo da banda ficaram espantados,
negativamente, quando do lançamento do disco. O produtor Bob Rock, conseguiu
extrair da banda a sonoridade que ela queria: um som mais desacelerado, mas que
não deixava o peso de lado. As vendas do disco catapultaram o Metallica ao
posto de maior banda de Heavy Metal, a ponto de competirem em termos de
vendagem com fenômenos pop, como Madonna e Michael Jackson, mas também deu
munição para os detratores da banda acusá-los de se “venderem ao sistema”. O
único assunto que visivelmente irrita os integrantes da banda, principalmente
Ulrich, é a batalha judicial movida pela banda contra o Napster. À época, a
banda tinha plena convicção do que estava fazendo, mas o tempo mostrou que ela
estava equivocada e isso provocou uma reação violenta dos próprios fãs da
banda.
Por fim, mesmo
que você não goste da banda, ou como eu, que tinha preconceito com o som
inicial da banda, esqueça e aproveite essa excelente biografia.
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