terça-feira, 24 de abril de 2012

Hendrix - o número 1 - por Fernando Lucchesi


Como havia prometido, vou tecer alguns breves comentários sobre o número um na lista dos melhores guitarristas promovida pela revista Rolling Stone, James Marshall Hendrix, ou simplesmente Jimi Hendrix.
Não foi e não será apenas nessa lista que Hendrix foi eleito o guitarrista mais importante e influente da (breve) história do Rock n´Roll. Em termos de virtuose  muitos outros guitarristas já o superaram, mas a técnica trazida por ele no final dos anos 60 permanece como a mais influente até hoje. Recentemente assisti em um canal a cabo um documentário intitulado “A história de Jimi Hendrix” (em inglês simplesmente “Jimi Hendrix”). O título em português me fez imaginar que fosse uma cinebiografia, mas na verdade trata-se de um documentário feito em 1973, que tenta seguir uma certa ordem cronológica da vida de Hendrix através de depoimentos e apresentações históricas dele.  Vários rock stars como Pete Townshend( The Who), Eric Clapton  e Mick Jagger dão depoimentos, bem como ex-namoradas , ex-companheiros de anonimato,etc. A ausência mais sentida é a do primeiro empresário dele, Chas Chandler( ex-baixista do The animals), que trouxe Hendrix para a Inglaterra.
As filmagens das apresentações nos mostram um instrumentista inovando completamente canções de outros artistas. Pode ser que seja a falsa impressão de alguém leigo em instrumentos, mas a genialidade de Hendrix se revela com maior evidência justamente nas versões cover do documentário. “Wild Thing”, uma canção da banda de garagem do anos 1960 The Troggs, se transforma completamente, repleta de fúria, que culmina com a queima de sua guitarra no hoje lendário festival de Monterey. “Johnny B. Gode”,de        Chuck Berry tem a sua levada Rockabilly bastante modificada, fica muito mais acelerada, mas ainda assim ele consegue preservar a essência da música. Mas o artista que Hendrix melhor conseguiu traduzir para seu universo foi Bob Dylan. As versões de “Like a rolling Stone” e “All along the watchtower” ganham novos arranjos (obviamente ele precisava adaptar a levada folk dessas músicas para a sua guitarra cheia de distorção), mas é brilhante a forma  como ele consegue harmonizar estilos de música diferentes entre si.
Dizer que Hendrix é o maior de todos os tempos é fácil (afinal, desde que comecei a gostar de rock/pop ouço isso). Mas descobrir o porquê disso leva tempo. Tive uma percepção maior ainda no último final de semana pois ouvi de muitos amigos meus a seguinte frase: “Gosto de Hendrix, mas não há nenhum disco dele que eu ache absurdamente bom”. Não o considero o maior guitarrista de todos os tempos, pois para mim, existiram guitarristas cujas músicas me emocionam mais e discos que são mais importantes do que os dele, mas a importância dos 3 discos gravados com o Experience deixaram marcas indeléveis no rock n´roll e influenciaram e influenciam guitarristas até hoje.

P.s: Esse documentário é no mínimo curioso pois não se sabe que dirigiu!Só aparecem os nomes dos produtores.

6 comentários:

  1. Reconheço Hendrix como um exímio guitarrista! No entanto, não acho nenhum dos seus discos brilhantes. Algumas músicas sim.

    Gilberto da Costa Carvalho

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  2. Grande post, Fernandão! Hendrix é realmente indispensável! Com muitas idéias e pouquíssimos recursos tecnológicos (pedais, amplificadores e tal) e logo no início da história da guitarra elétrica no rock, esse cabra expandiu os limites do instrumento de um jeito que ninguém até hoje conseguiu.

    Os três álbuns do "Experience" são demais! Curto muito os experimentalismos do "Eletric Ladyland" e a pegada direta do "Are You Experienced?"; mas o meu predileto é o segundo disco: "Axis: Bold as Love". A música Castles Made of Sand é de cair o cabelo!

    Clássico!

    Bruno Vitorino

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  3. Muito bom, Fernandão. O Hendrix é realmente indispensável. Quanto a album não tenho uma referência clara. Por outro lado, Hendrix proporcionou momentos fundamentais para o desenvolvimento da guitarra, como por exemplo, a execução de Hino dos Estados Unidos em Woodstock, cujas distorções se assemelham aos bombardeios dos caças em plena época da Guerra do Vietnã. Vale ressaltar também a ascendência ricamente mestiça daquele guitarrista, com ancestrais negros, brancos e indígenas num país tão tenso quanto a essas questões como os EUA!

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  4. Meus nobres

    Gosto muito de Hendrix, mas como disse no texto demorei para descobrir as grandes virtudes dele. Gosto mais do disco de estréia do Experience. Tem uma música nele "Wind cries Mary" que é sensacional. Mas como bem lembrou Bruno, AXIS:BOLD AS LOVE tem "Castles made of sand" e minha favorita "Spanish Castle Magic". Enfim, demora pra você apreciar,mas quando vc descobre percebe que as possibilidades são (quase) infinitas.

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  5. AXIS BOLD AS LOVE É SIMPLESMENTE BRILHANTE!!!
    UMA AULA ETERNA DE GUITARRA, UMA ODISSÉIA ESPETACULAR SONORA,
    DESAFIO QUALQUER UM A APONTAR UM DISCO TÃO SIMPLES E COMPLEXO
    QUE SE COMPARE COM AQUELE SOM DE FENDER DOS ANOS 60/70...

    Mas (quase) ninguém comenta a fase da "Band of Gypsys"

    PORQUE?..

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  6. Na verdade, esta foi uma excelente lembrança Bruno. Este disco, além de ser oficial, foi o ÚNICO registro de performance ao vivo, devidamente autorizado pelo próprio Hendrix.

    Gilberto da Costa Carvalho.

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