Como havia
prometido, vou tecer alguns breves comentários sobre o número um na lista dos
melhores guitarristas promovida pela revista Rolling Stone, James Marshall
Hendrix, ou simplesmente Jimi Hendrix.
Não foi e não
será apenas nessa lista que Hendrix foi eleito o guitarrista mais importante e
influente da (breve) história do Rock n´Roll. Em termos de virtuose muitos outros guitarristas já o superaram, mas
a técnica trazida por ele no final dos anos 60 permanece como a mais influente
até hoje. Recentemente assisti em um canal a cabo um documentário intitulado “A
história de Jimi Hendrix” (em inglês simplesmente “Jimi Hendrix”). O título em
português me fez imaginar que fosse uma cinebiografia, mas na verdade trata-se
de um documentário feito em 1973, que tenta seguir uma certa ordem cronológica da
vida de Hendrix através de depoimentos e apresentações históricas dele. Vários rock stars como Pete Townshend( The
Who), Eric Clapton e Mick Jagger dão
depoimentos, bem como ex-namoradas , ex-companheiros de anonimato,etc. A
ausência mais sentida é a do primeiro empresário dele, Chas Chandler(
ex-baixista do The animals), que trouxe Hendrix para a Inglaterra.
As filmagens
das apresentações nos mostram um instrumentista inovando completamente canções
de outros artistas. Pode ser que seja a falsa impressão de alguém leigo em
instrumentos, mas a genialidade de Hendrix se revela com maior evidência
justamente nas versões cover do documentário. “Wild Thing”, uma canção da banda
de garagem do anos 1960 The Troggs, se transforma completamente, repleta de
fúria, que culmina com a queima de sua guitarra no hoje lendário festival de
Monterey. “Johnny B. Gode”,de Chuck
Berry tem a sua levada Rockabilly bastante modificada, fica muito mais
acelerada, mas ainda assim ele consegue preservar a essência da música. Mas o
artista que Hendrix melhor conseguiu traduzir para seu universo foi Bob Dylan. As
versões de “Like a rolling Stone” e “All along the watchtower” ganham novos
arranjos (obviamente ele precisava adaptar a levada folk dessas músicas para a
sua guitarra cheia de distorção), mas é brilhante a forma como ele consegue harmonizar estilos de
música diferentes entre si.
Dizer que
Hendrix é o maior de todos os tempos é fácil (afinal, desde que comecei a
gostar de rock/pop ouço isso). Mas descobrir o porquê disso leva tempo. Tive
uma percepção maior ainda no último final de semana pois ouvi de muitos amigos
meus a seguinte frase: “Gosto de Hendrix, mas não há nenhum disco dele que eu
ache absurdamente bom”. Não o considero o maior guitarrista de todos os tempos,
pois para mim, existiram guitarristas cujas músicas me emocionam mais e discos
que são mais importantes do que os dele, mas a importância dos 3 discos
gravados com o Experience deixaram marcas indeléveis no rock n´roll e
influenciaram e influenciam guitarristas até hoje.
P.s: Esse documentário é no mínimo curioso pois não se sabe
que dirigiu!Só aparecem os nomes dos produtores.
Reconheço Hendrix como um exímio guitarrista! No entanto, não acho nenhum dos seus discos brilhantes. Algumas músicas sim.
ResponderExcluirGilberto da Costa Carvalho
Grande post, Fernandão! Hendrix é realmente indispensável! Com muitas idéias e pouquíssimos recursos tecnológicos (pedais, amplificadores e tal) e logo no início da história da guitarra elétrica no rock, esse cabra expandiu os limites do instrumento de um jeito que ninguém até hoje conseguiu.
ResponderExcluirOs três álbuns do "Experience" são demais! Curto muito os experimentalismos do "Eletric Ladyland" e a pegada direta do "Are You Experienced?"; mas o meu predileto é o segundo disco: "Axis: Bold as Love". A música Castles Made of Sand é de cair o cabelo!
Clássico!
Bruno Vitorino
Muito bom, Fernandão. O Hendrix é realmente indispensável. Quanto a album não tenho uma referência clara. Por outro lado, Hendrix proporcionou momentos fundamentais para o desenvolvimento da guitarra, como por exemplo, a execução de Hino dos Estados Unidos em Woodstock, cujas distorções se assemelham aos bombardeios dos caças em plena época da Guerra do Vietnã. Vale ressaltar também a ascendência ricamente mestiça daquele guitarrista, com ancestrais negros, brancos e indígenas num país tão tenso quanto a essas questões como os EUA!
ResponderExcluirMeus nobres
ResponderExcluirGosto muito de Hendrix, mas como disse no texto demorei para descobrir as grandes virtudes dele. Gosto mais do disco de estréia do Experience. Tem uma música nele "Wind cries Mary" que é sensacional. Mas como bem lembrou Bruno, AXIS:BOLD AS LOVE tem "Castles made of sand" e minha favorita "Spanish Castle Magic". Enfim, demora pra você apreciar,mas quando vc descobre percebe que as possibilidades são (quase) infinitas.
AXIS BOLD AS LOVE É SIMPLESMENTE BRILHANTE!!!
ResponderExcluirUMA AULA ETERNA DE GUITARRA, UMA ODISSÉIA ESPETACULAR SONORA,
DESAFIO QUALQUER UM A APONTAR UM DISCO TÃO SIMPLES E COMPLEXO
QUE SE COMPARE COM AQUELE SOM DE FENDER DOS ANOS 60/70...
Mas (quase) ninguém comenta a fase da "Band of Gypsys"
PORQUE?..
Na verdade, esta foi uma excelente lembrança Bruno. Este disco, além de ser oficial, foi o ÚNICO registro de performance ao vivo, devidamente autorizado pelo próprio Hendrix.
ResponderExcluirGilberto da Costa Carvalho.