terça-feira, 17 de abril de 2012

O dedilhado esquecido de Hélio Delmiro - por Dom Angelo




O Brasil tem uma das escolas de violão e guitarra mais respeitadas do mundo. Uma fusão de vários estilos, técnicas e timbres nos trouxeram um time de músicos onde a singularidade interpretativa dos mesmos colocou-nos nas décadas de 60, 70 e 80 entre um dos terrenos mais férteis da música contemporânea de qualidade.
Porém uma triste realidade aflora o nosso sistema de mecanismo cultural: o esquecimento do público e/ou a falta de “manutenção social” de grandes instituições públicas e privadas de cidadãos notáveis que contribuiram para o engradecimento de nossa arte.
Hélio Delmiro é guitarrista, violonista e um dos maiores nomes da música instrumental brasileira de todos os tempos. Sendo um dos artistas que mais alcançou respeito no cenário internacional musical, trabalhando em parceria com mitos de primeira grandeza do Jazz, e no cenário nacional da Bossa-nova e Mpb. No ano de 1978 foi considerado um dos 5 maiores guitarristas de jazz do mundo pela revista Downbeat¹ (talvez a mais respeitada revista periódica de jazz) e participou de álbuns memoráveis da música de qualidade de nosso país.
Alguns dizem que Delmiro perdeu sua credibilidade e escrúpulos ao se tornar pastor evangélico. Mas o fato é que por motivos pessoais ou não, este artista tem brilhado mais nos livros de história ou pesquisas acadêmicas do que nos rádios e "fones-de-ouvido" pelo Brasil afora.
Apenas alguns nomes que Delmiro trabalhou: Elis, Tom, Chico, Djavan, Milton, Ivan Lins, João Bosco, nos nacionais e Sarah Vaughan, Joe Pass, Larry Carlton, Gato Barbieri, Larry Couryel, John Patitucci, nos internacionais.
Delmiro tem 7 discos de carreira solo e também se destacou na área acadêmica fazendo parte do corpo docente do primeiro curso de bacharelado em violão do Brasil, fundado em 1972 pela Faculdade de Música Augusta Souza França. Também lecionou na Universidade Federal de Uberlândia, onde se aposentou em 1999².
Seu primeiro disco solo, intitulado Emotiva e datado de 1980, reúne peças dos estilos musicais de domíno do autor como jazz, bossa-nova e choro, influenciando uma gama de músicos profissionais e amadores a se manterem interpretando standards em suas discografias oficiais. No caso, Delmiro interpreta neste disco Epistrophy³ e Body and Soul.
Participou do primeiro Free Jazz Festival em 1985 e tocou com Elis Regina no Montreux Jazz Festival de 1979.

Vale a pena conferir os discos de sua carreira solo!

Para fazer download deles, acesse o site: www.umquetenha.org

Abraço a todos!


¹ Segundo auto-biografia do músico cedida a Bruno Rosas Mangueira.

² Mangueira, Bruno Rosas. Concepções estilísticas de Hélio Delmiro : violão e guitarra na música instrumental brasileira / Bruno Rosas Mangueira. -- Campinas, SP : [s.n.], 2006.

³ Música de Thelonious Monk e Kenny Clarke.

4 comentários:

  1. Hélio é um grandioso! E não é justo julgá-lo por ter virado pastor. Até porque, se analisarmos hoje em dia, os alunos que mais levam a sério os cursos de música, tanto de Conservatórios, quanto Universidades são evangélicos também. Se eles irão utilizar isto bem ou não, não é problema nosso.

    Abraço,

    Gilberto da Costa Carvalho

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  2. Parabéns, pela matéria, Ângelo. Hélio Delmiro é fundamental, não só pra guitarra, mas pra música de acento jazzístico!

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  3. Arretado, meu querido! De fato, Delmiro precisa ser mais (re)conhecido!

    Bruno Vitorino

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  4. Caro Dom Angelo,

    Bacana o texto sobre o Hélio. Somente uma correção: quem lecionou na Faculdade de Música Augusta Souza França e se aposentou na Universidade Federal de Uberlândia foi o violonista Jodacil Damasceno, que foi professor do Hélio Delmiro.

    Um abraço,

    Bruno Mangueira

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