domingo, 15 de abril de 2012

Lollapalooza – "Um festival de contradições" - Gilberto da Costa Carvalho




No último final de semana, estive no Festival Lollapalooza em São Paulo. Foi a primeira vez que o renomado festival norte-americano aportou por terras tupiniquins. Nossa grande expectativa, sem sombra de dúvidas, era presenciar a performance avassaladora da maior banda de rock n´roll da atualidade. Obviamente que estou falando do Foo Fighters, banda liderada por Dave Grohl.
Entretatanto, o que roubou a cena, foram outras coisas bastante desagradáveis. Antes de citá-las, tenho que confessar uma coisa. Eu só fui para o festival para assistir ao show do Foo Fighters. Nenhuma outra banda do set do primeiro dia me interessava. Passo então a citar o que ocorreu no primeiro dia:

1 - Relatos de várias pessoas que estiveram presentes, confirmam as filas astronômicas para acesso a Chácara do Jockey Club de SP. Mesmo com 6 entradas ao redor do local escolhido (que é imenso diga-se de passagem). Tanto que, muitos chamaram carinhosamente o evento de "Filapalooza"!

2 - Apesar do espaço ser muito grande, não havia proteção alguma contra o sol. E o "astro-rei" reinou muito forte em SP neste final de semana. Resultado, pessoas passando mal e, um pouco mais tarde, quando aportei no festival, percebi vários indivíduos com o "lombo torrado".

3 - O maior absurdo do festival vivenciamos na parte interna. Começaram as contradições por lá. Primeiro você tinha que passar cerca de 40 minutos (baseado por mim) numa fila para colocar uma pulseirinha para provar que era maior de 18 anos para poder consumir cerveja. Mas, o festival era para maiores de 18 anos, e os tais "menores de idade" só podiam entrar acompanhados de maiores de idade. Após a pulseirinha no braço, o purgatório aumentava de proporções na "fila" das fichinhas de cerveja. Você pagar R$360,00 num ingresso para passar mais 1 hora noutra fila para pegar o "acesso-cerva". Eu falei - "acesso-cerva", porque ainda tinha mais uma fila para pegar a cerveja. Nesta, a bagunça reinava. Pessoas se amontoando e derrubando cerveja em cima das outras que estavam no aguardo atrás, uma zorra! Para resumir, meu saldo foi de 1 cerveja tomada no festival.

4 - Por outro lado, fiquei até satisfeito em só ter tomado esta única cerveja. Tal fato, me livrou da peregrinação de achar um banheiro no espaço do festival. Em noções de distância, digamos que você teria que andar quase 1 km, para ter acesso ao "complexo dos banheiros". O que mais me impressinou foi a não separação dos banheiros químicos femininos e masculinos. Todos se amontoavam uns aos lados os outros, com travas de portas quebradas e, principalmente, a falta de educação que acham "tão normal" e "tão legal" do brasileiro. Homens entrando nos banheiros das mulheres, gritos das moças porque as portas eram abertas e elas não podiam efetuar a "troca de óleo" em paz. Lamentável mesmo!

5 - O salto será maior agora. O relógio apontava 23:00 quando a primeira noite do festival teve fim. Eu e o os amigos que me acompanhavam, resolvemos sair pela mesma entrada que acessamos a Chácara do Jockey, afinal, estávamos em outra cidade e é melhor voltar por onde ao menos já passamos. O primeiro "aperto" ocorreu porque o acesso pela lateral do casarão foi fechado e tivemos que subir uma escada grande e de degraus pequenos, acompanhados de uma multidão de 75.000 pessoas loucas para ir para casa. Nada complicado perto do que ainda iríamos passar nesta noite. Ao conseguirmos acessar a rua, bateu aquela sensação de tranquilidade. Fomos andando até a Estação do Butantã para pegarmos o metrô e irmos para o hotel. Meus caros, foi aí que o bicho pegou! A administração dos metrôs de SP são diferentes por cada estação. Afirmo com veemência que não tivemos sorte e que os envolvidos na operação não sabem absolutamente nada de administração de público. A porta central da Estação foi fechada. Isto mesmo! Fechada! Sobrou para a multidão dois acessos e mais 1 hora e 40 minutos se amontoando e espremendo para tentar acessar a estação. As pessoas que não haviam comprado o ticket com antecedência devem ter voltado a pés para casa. Outro fato lamentável que tenho que ressaltar, é mais voltado para a educação. Imagine você tendo acesso a uma estação completamente lotada, com pessoas se amontoando e espremendo, e uma pessoa começa a gritar que está passando mal só para perturbar o ambiente, ou para tentar lograr os outros que também sofriam no meio da multidão. A resposta veio por intermédio de um amigo que me acompanhava e depois por mim. Começamos a rebater e a xingar a "mocinha". Até a mesma perceber que a atitude que ela estava tomando era ridícula e poderia gerar o caos súbito no meio de uma multidão. Embora, a multidão de São Paulo seja passiva demais. Afirmo isto, porque tal atitude deveria ter sido vaiada pelas pessoas, em forma de um "se ligue". Mas, em SP, é cada um na sua. 

Informo que consegui chegar vivo ao Hotel, depois de quase 3 horas de agonia e quase sem conseguir pisar no chão. Mais um relato lamentável sobre shows em SP aqui no blog.

Enfim...a música.

Ainda no hotel, assisti ao show do Cage the Elephant. Esta banda era citada como uma das possíveis surpresas do festival. Simplesmente medíocre! 

Durante toda esta peregrinação citada pude observar ao show da banda TV on The Radio. Também bastante elogiada por críticos musicais. Honestamente, me pareceu, uma tentativa muito mal sucedida de reinvenção do Living Colour com toques alternativos. Sem falar na falta de carisma extrema destas bandas. Não só as do festival, mas do cenário musical atual em geral.

É daí que surgem as explicações para o "fenômeno" Foo Fighters. Num cenário musical tomado por chatos, emos, seres estranhos e chorões, aparece Dave Grohl. Um cara gente boa, disposto, com a postura "rocker"  e mais uns amigos que gostam de tocar. Juntar amigos que gostam de tocar é a cara do rock n´roll. Analisando friamente, o Foo Fighters é uma banda que mistura elementos punks, rock de arena e algumas pitadas de heavy-metal. Em comparação com bandas clássicas, não passaria de uma banda mediana. E porque afirmo isto? Os caras tem 18 anos de formação e dois discos clássicos - The colour and the shape (1997) e o excelente Wasting Light, lançado em 2011 e pedra fundamental desta turnê. É pouco, se compararmos, mas, no cenário atual eles sobram! E sobram justamente no que pude presenciar no Lollapalooza. Uma performance avassaladora e destruidora ao vivo!  Isto ganha público, é fato. E, se formos analisar o cenário musical atual, eu afirmo com veemência:

"AINDA BEM QUE EXISTE O FOO FIGHTERS!"

Segue a abertura do show - All my life






5 comentários:

  1. Belo texto, Giba! Um painel bem abrangente que me transportou para o evento. Arretado! Só gostaria de dizer o seguinte:

    1. A maior - veja que não digo a "melhor" - banda do rock atual ainda é o U2. Eles alcançaram um patamar que nenhum outro grupo chegou nos dias de hoje. Agora, das bandas novas, o Foo Fighters é uma das mais importantes, mas, a meu ver, perde feio para o Queens of the Stone Age.

    2. Um pena que São Paulo venha pecando no quesito shows. Em Roger Walters rolou arrastão e flanelinhas cobrando R$ 150,00 para quem estacionasse no meio da rua; o concerto do Masada foi marcado pela ignorância e má-educação do público; e agora o Lollapalooza...

    Uma pena!

    Bruno Vitorino

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  2. Sampa sempre foi referência em matéria de organização de grandes eventos, mas não sei o que vem acontecendo de uns tempos pra cá que a falta de estrutura em shows desse porte tem se tornado recorrente...uma pena mesmo...
    Muito bom panorama do que rolou (ou não rolou...) no Lolla!

    Tati Monteiro

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  3. Carlos Eduardo Montenegro15 de abril de 2012 às 20:38

    Já lhe disse, meu caro amigo Giba, que não concordo que o problema seja o fato dos shows rolarem em SP. O Rock in Rio 4 ainda conseguiu ser pior que o Lollapalooza em relação ao acesso (ida e volta). O problema é que querem tomar nosso dinheiro sem oferecer nenhuma benesse em troca. Ainda bem que o bom e velho Macca respeita seu público.
    No mais, assino embaixo.

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  4. Dudu, eu entendo o que você disse. O Rock in Rio teve pelo menos 3 vezes o público do Foo Fighters. Temos que citar isto também.

    Enfim, espero que melhorem as estruturas. A Copa tá chegando.

    Um abraço.

    Gilberto.

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  5. Meu nobre amigo. Na verdade, o público do rock in rio foi de 100 mil pessoas por dia (25 mil a mais do que o Lollapalooza). Só corrigindo. Não acho que essa diferença justifique a organização pior.

    Abraço,
    Smurf

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