Arte do primeiro disco da Banda do Mar |
Poderia resumir o disco de estréia
da Banda do Mar como um prolongamento da fraca carreira solo de Marcelo Camelo.
Mas, não seria justo com as pessoas que acompanham nossos textos e para aqueles
que no mínimo gostam de ler uma opinião diferente. Tal qual Benjamin Button nas
telas de cinema, Camelo nasceu velho e regride a arroubos juvenis a cada passo
dado. É exatamente isto que sinto nos seus trabalhos posteriores ao Los
Hermanos e não é diferente neste novo projeto.
Parece-me uma busca de fragmentos do que o ex-hermano foi um dia. Um mar de repetições de formatos e de uma
fórmula que caiu na mesmice há tempos. Some-se a Banda do Mar a infantilidade
tardia (ainda?) e a emissão de sons provenientes das
frágeis cordas vocais de sua companheira Mallu Magalhães e atuação meramente
coadjuvante do baterista português Fred Ferreira.
Nesta estréia, especificamente,
chamo a atenção dos leitores justamente para a “tríade-ilusão”. É, meus caros,
apenas 3 canções merecem atenção neste trabalho e sempre com alguma ressalva
(daí a tríade-ilusão). “Cidade Nova” que abre o disco com personalidade e
lembra a fase mais legal da carreira de Camelo, embora possua aquela velha
história manjada do “tá ruim, mas tá bom”. “Hey Nana” que na minha opinião é a
grande música do disco, principalmente por conta da linha de guitarra
sessentista (repetidíssima, enfadonha, mas que sempre funciona bem) e “Mais
ninguém” que é a maior e melhor música pop do casal, embora “cantada” por
Mallu. Outros grandes méritos, são a qualidade da produção e da gravação do
mesmo.
O exercício de compor está sendo extremamente
improdutivo para Marcelo Camelo. É o mal de quem foi nivelado por cima o tempo
todo. O “messianismo” que atingiu seus trabalhos com o Los Hermanos é cada vez
mais prejudicial para seus projetos posteriores. Logo ele que foi ícone para
tantos outros. Estes não procuraram espelhar-se no caminho percorrido
anteriormente pelo artista em foco para desenvolver sua identidade musical e ficaram
apenas tentando cópias medíocres. Camelo tornou-se pai para um monte de filhos
que não são donos nem do próprio nariz e agora vai nivelando-se a eles.
Banda do Mar. Divulgação. Fonte: Google Imagens. |
A Banda do Mar é um trabalho “alto astral” sem
graça. Nada além de um compartilhamento de gostos adolescentes de senso
extremamente usual. O álbum não evolui em nenhum momento, não oferece outros
caminhos além do mundo adulto infantilizado em bobagens e numa pieguice única. Confesso
que fico muito triste em referir-me as composições de Marcelo Camelo que tanto
me emocionaram outrora desta forma, mas não tem como ser diferente. Na minha
concepção, é um desperdício imenso de talento de um dos raros jovens
diferenciados, de fato, nos últimos 15 anos na música nacional. É o brilho de uma carreira que iniciou e se manteve
de modo enriquecedor jogado no chão.
A propósito, aguardo ansiosamente
o Box com os vinis do Los Hermanos que encomendei para a minha coleção.
Preferencialmente, ouvirei tomando uma cerveja gelada ou um bom vinho com uma
tábua de queijos especiais. Feeling por feeling eu prefiro a levada melódica do
que “Fez-se Mar” em outros tempos, do que os “muitos chocolates” de agora. Estes, eu
deixo para o casal sacarose e para Fred Ferreira, que apenas “segura vela” na
bateria.
Observação - não estranhem o porquê da ausência
de comentários sobre as composições de Mallu Magalhães, com exceção de “Mais
ninguém” por um lado indie-pop cool e de “MIA”, que não passa de um Indie-axé e
que certamente é uma das piores coisas que já ouvi em toda minha vida. Para
Mallu, insisto no que disse em outro texto – “Mallu Magalhães tem 21 anos, três álbuns e a vida toda pela frente. Inclusive, para aprender a cantar”.
Discordo caro Giba...
ResponderExcluirAcho o disco excelente e um ponto alto da carreira do Camelo, pois agora é que o mesmo começa a trabalhar letras de cunho existencialista. Além de mostrar mais controle, musicalidade e timbres maduros como guitarrista.
Mallu, se "sente ótima" e continua sendo uma boa representante do folk-indie brasileiro. Fred, minimalista, faz o que tem que ser feito. Isto também é grandeza.
Concordo que, na superfície, é um disco de fácil audição. Rock, Pop e tal. Mas também entendo que as pinceladas aqui foram trabalhadas de forma espontânea, de coração aberto. E isso existe na arte. Caso contrário nem Pollock, nem Basquiat, nem Coltrane, nem Cage seriam artistas.
E, obviamente, estamos falando aqui de realidades. A minha e a sua. Essas são perfeitamente descritivas e, bem argumentadas, podem ser defendidas e analisadas. Mas aqui não cabe a "verdade". Porque esta é UMA só, igual para todos. E a "palavra", legado humano, sequer alcança um pequeno vislumbre da sua infinitude.
Abraço meu amigo!