Fui
“convidado/intimado” por Maria Fachini para a exposição produzida por ela,
intitulada “Coisas que Aprendi nos Discos” e lançada ontem (24/05) na Torre
Malakoff. Embora o título possa nos remeter mais à canção de Belchior, a atual
edição (lançada ontem) pretende estabelecer uma relação poética com os
trabalhos de Luiz Gonzaga.
Em
“Coisas que Aprendi nos Discos”, as representações e inspirações gonzaguianas
são apresentadas em várias mídias trabalhadas por doze artistas. E o que posso
dizer sobre a exposição? Primeiro, que embora uma parte dos trabalhos e ou
artistas já tenha caído na graça do povo, nada se compara ao contemplá-los ali,
frente a frente, in loco, através de
outras perspectivas. Assim podemos considerar as xilogravuras de J. Borges e os
materiais de Abelardo da Hora, indispensáveis durante a visitação à Torre
Malakoff.
Nos
vídeos da exposição, o Coletivo Caldo de Cana 1 Real expõe a história de um
parto atrapalhado sob o luar do sertão em forma de animação, carregada de elementos
da xilogravura. Já a dupla dos xarás Ricardo Brasileiro e Ricardo Ruiz se apoia
na sequência de imagens em 3D para exprimir os seus ambientes poéticos,
disponibilizando os óculos na própria sala para o visitante.
Em
se tratando de trabalhos poéticos, “Ciranda Luiz Gonzaga”, de Marcelo Mário de
Melo alude o próprio feito dos doze artistas da exposição. Refletir sobre tais
artistas é um desdobramento da metalinguagem rimada e metrificada por Marcelo,
fundida pelo molde mais cordelista de sua proposta. Em “O Mundo de Seu Luiz”,
Marcelo ressalta a arte de Luiz Gonzaga em várias sextilhas.
No
plano mais pictórico, Derlon mescla o grafitti com a xilogravura, enquanto
André Soares pincela com traços fortes e cores diversas a sua noção de temática
gonzaguiana. Na série de quadros menores, denominada “Noites Brasileiras”,
André também utiliza a técnica dos esfuminhos coloridos ao simbolizar balões,
árvores e matutos.
E
o que posso dizer ainda mais sobre a exposição? Segundo, que deixei para o fim
deste texto os trabalhos artísticos mais comoventes para o meu julgo:
Alcir
Lacerda. Impregnado por fotografias de grande aspecto figurativo. Fotos comoventes
por retalhar ângulos dos vaqueiros em preto e branco forte; vaqueiros de um
sertão imponente em todos os arquétipos imagináveis.
Elizângela
das Palafitas. Conciliadora de elementos do artesanato e do colorido como
representação de um cotidiano interiorano, não só vinculado aos símbolos
antigos, mas a uma globalização vigente no dia-a-dia interiorano. A cerveja
Skol, o boteco amarelo e vermelho, tocando Luiz Gonzaga, com luzes piscantes
típicas dos inferninhos das cidades do interior são ladeadas com os artigos de
barro à venda nos balcões da feira, mostrando a variedade das práticas
socioculturais no perímetro urbano de uma zona rural! Elizângela também busca
espaço para emergência do baixo IDH posta em seus quadros-palafitas, nas casas
anfíbias uma arte de lembrete à nossa persistente desigualdade citadina.
Leopoldo
Nóbrega. A experiência do seu projeto poético-visual arruma os versos de
Patativa do Assaré entre várias tramas, de tal maneira que os versos podem se
combinar diversos, na forma de poesias cruzadas.
João
Lin. Pareceu-me o mais contemporâneo dentre todos, ao criar um “Ambiente
Imersivo” em “Noite Junina em Ré Menor”: uma sala escura, apenas iluminada por
luzes negras, contendo um teto pictórico, uma instalação no centro da sala e
nas paredes dispostas com alguns versos de “Olha pro Céu”, ao mesmo tempo em
que uma versão instrumental da mesma música interpretada por Márcio Soares e
Guga Oliveira é reproduzida com grande influência da atonalidade.
Local:
Torre Malakoff.
Período:
De 25/05 a 05/08 - terça a sexta das 9h às 17h
domingos
das 15h às 20h.
Entrada
Franca.
A gente lê o texto e vai correndo pra exposição. Bom demais!
ResponderExcluirconcordo com danielle, sábado estarei lá! :)
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