Vasculhando um passado cada vez mais distante,
retorno Rua Sete de Setembro – 105 – Centro do Recife. Aos sábados pela
manhã, eu e os “dois Gustavos” (Papita e Guga Mocó) costumávamos nos
encontrar para olhar as novidades sonoras que eram
lançadas no mundo obscuro do rock n´roll. Numa destas idas, nos
deparamos com um “soco na cara” de grandes proporções. Estou falando de
Vulgar Display of Power, disco do Pantera (banda que na época já estava
estourada pelo antecessor – Cowboys from hell).
Um fato muito interessante, é que o dinheiro da “mesada” era todo
revertido em discos. (E Miranda não dava um desconto pra moçada). Desta
feita, os poucos reais logo viraram 3 discos iguais, para cada um dos adolescentes que
se aventuravam no mundo da violência sonora.
O referido disco foi composto quase que totalmente
em condições sub-humanas. Rex Brown e Phil Anselmo alugaram um
apartamento bastante vagabundo ao lado do estúdio de gravação. O
dinheiro era curto, e os caras compraram uma bicicleta para
ter como se deslocarem até um posto para conseguir sanduíches e
cervejas para o pós-gravação. Era o que tinham para comer.
Musicalmente falando, Vinnie Paul afirmava que a
idéia do disco era “ter uma guitarra semelhante a uma motoserra e que a
bateria tivesse pegada!”. As músicas eram compostas pelo trio
guitarra-baixo-bateria e só depois os mesmos passavam
para Phil Anselmo compor as letras. A primeira audição era em conjunto e
como afirma Paul – “Phil ouvia e dizia –
Porra cara, isso é muito do caralho!” O grande segredo do Pantera era o trabalho em equipe.
O nome Vulgar Display of Power, é oriundo do filme -
O Exorcista! E foi idéia de Phil Anselmo colocar o mesmo como nome do
album. Segundo ele:
“este nome grudou na cabeça e não saiu mais.”
O Pantera ainda passou para a gravadora, que
gostariam de algo bastante vulgar na capa. Um murro na cara de um
sujeito. Daqueles bem dados. A tentativa inicial foi muito mal sucedida.
Colocaram um cara levando um murro com uma luva de boxe.
A banda vetou! Disseram que tinha que ser algo mais real mesmo. “Algo
da rua!” – segundo Phil. Hoje sabemos que um maluco ganhava 10 dólares
por soco, até acharem a capa ideal. Detalhe – foram 30 tentativas.
Outro fato bastante interessante, é que ainda hoje,
encontramos garotos novos e totalmente fanáticos pelo Pantera. O Vulgar
Display of Power já vai transcendendo a segunda geração de vida e
mantendo acesa chama de uma das maiores bandas
de Trash-Metal que já ouvi. E este fato torna-se mais relevante quando
analisamos o que já saiu e nasceu na música. Inclusive, há alguns anos
atrás, surgiu uma vertente nova dentro dessas bandas de peso. O
“conhecido” NU Metal. Algumas bandas alcançaram até
um estágio de qualidade maior, no entanto, ao ouvir toda e qualquer
banda destas, é inegável a influência quase que total das grandes bandas
que já existiam. O pior, é que na época os fãs deste tal Movimento NU
metal, afirmavam suas asneiras aos quatro ventos:
“Eu detesto Pantera e Sepultura!” E eu rebato! “Korn é uma banda
de adolescente americano problemático e traumatizado. Limp Bizkit é
apenas o baixista (o melhor de todas estas bandas). Slipknot é a melhor
delas, mas, ainda assim, não bate com meu gosto
pessoal (essa historinha de máscara definitivamente não é comigo). O
que falar dos “Papa Roaches”, “Coal Chambers”, “Deftones” e até mesmo do
System of a Down (que fez um show no Rock in Rio do ano passado que
mais parecia um baile de debutantes)?”
Voltando a falar do que interessa, sugiro aos
amigos que escutem este disco com bastante atenção. As pessoas não podem
deixar de ouvir duas pedradas – “Mouth for war” e “Fucking Hostile”, o
hino chamado – “Walk” e as baladas – “This Love”
e “Hollow”.
Rendo todas as homenagens a este álbum que comemora 20 anos e ao Pantera, uma das melhores bandas que já escutei.
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