domingo, 11 de janeiro de 2015

Everything Will Be Alright in the End - Por Giba Carvalho




Desculpem, pessoal, não percebi que precisava tanto de vocês
Eu achei que conseguiria atingir um novo público
Esqueci que música disco é um saco
Acabei sem ninguém e comecei a me sentir mal
Talvez eu deva tocar a guitarra solo
E Pat tocar bateria

Me leve de volta, de volta para a cabana
De volta para a Stratocaster com correia de raio
Chutar a porta, mais hardcore
Fazendo rock como se fosse 1994


É com este pedido de desculpas aos fãs, que o Weezer ressurge após 13 anos de experiências de irrelevância absoluta com sua própria música. Obviamente que não podemos esperar um “milagre” dos “rock-nerds”, mas “Everything Will Be Alright in the End” traz o grupo de volta aos bons discos. E isto é de suma importância num mundo onde as famigeradas “playlists” e os “singles” reinam em absoluto.

Parecendo compreender o rumo que a carreira da banda estava tomando, Rivers Cuomo (líder, guitarrista e principal compositor da banda) não poupou nomes em parceria para o processo de composição do novo trabalho. E, por mais que estes nomes soem estranhos para os fãs de qualquer vertente rock, o resultado foi bastante satisfatório. Em “Back to the Shack” (primeiro single do álbum) temos a mão de Jacob Kasher, parceiro de Kylie Minogue. É logo no primeiro single do disco que percebemos claramente que os bons tempos voltaram. Guitarras pesadas e marcadas relembram o “Green Album” (2001) e temos a explicação: o novo trabalho é produzido por Ric Ocasek que trabalhou com o Weezer no álbum supracitado e no “Blue Album” (1994). Parceiro de artistas deletérios tais como – t.A.t.U, Demi Lovato e Paris Hilton (existem adjetivos mais apropriados do que artista para defini-la), Josh Alexander aparece em duas canções do disco – “Lonely Girl” – que é praticamente uma volta ao início do grupo (mais do mesmo) e “Da Vinci” – que possui um arranjo extremamente confuso, muito embora grude “terrivelmente” na cabeça.

Dando continuidade as parcerias, faço uma pergunta aos leitores do blog: “alguém lembra aqui daquela banda pavorosa de ‘metal arriação’ chamada The Darkness?” Pois bem, a música que tem tudo para cair nas graças do público é – “I´ve Had It Up to Here”, justamente a parceria com Justin Hawkins, vocalista e guitarrista deste falecido grupo. Esta canção traz novamente à tona a competência que o Weezer possui de mesclar aquele rock “farofinha” com indie pop “algodão doce”. Na busca por diversificação ou inspiração em outrora, encontramos mais duas parcerias de qualidade neste trabalho. “Go Away” que foi composta e cantada por Bethany Cosentino do duo californiano - Best Coast, é o clássico indie pop de qualidade, com nível de sacarose elevado e sem firulinhas. Além do pop vigoroso de “Eulogy for a Rock Band” (a minha preferida) em parceria com a banda OZMA.

O lado compositor solitário de Cuomo também foi explorado. “Ain´t Got Nobody”, que abre o disco, inicia misteriosa, contida e termina numa explosão imensa (nada de novo se analisarmos vários outros álbuns lançados no decorrer de 2014), “Foolish Father” que é o acerto de contas entre o vocalista e o pai e a trilogia final – “The Waste Land”, “Anonymous” e “Return to Ithaka”. Esta, não passa de uma “chupação” bastante usual que várias bandas contemporâneas andam fazendo. Juntam três músicas instrumentais (com raros momentos cantados) como se as mesmas fossem movimentos de um Concerto de Música Clássica e proporcionam aos fãs orgasmos múltiplos com tais “brincadeiras” pseudo-eruditas.

O Weezer, quando estava no auge, sempre foi uma banda de segundo escalão, mas, pelo momento vivido pelo rock mundial, temos que vangloriar e apoiar todo trabalho novo de valia. “Everything Will Be Alright in the End”  é um álbum coeso, rico em melodias simples (marca registrada da banda) e merece destaque dentre os lançamentos de 2014 mesmo mostrando um Rivers Cuomo levando a banda praticamente só.

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