sábado, 17 de novembro de 2012

Celebration Day - Quando os gigantes acordaram por uma noite - por Fernando Lucchesi



O cinema está às escuras. Da tela ouve-se a voz de alguém, mas nenhuma imagem aparece. O público começa a se inquietar, pois percebe que o filme já deveria estar com imagens. De súbito, na tela negra surge o título do filme. A câmera então nos transporta para dentro da O2 arena em Londres e nos convida a celebrar um das noites mais memoráveis para novos e antigos fãs de rock n´roll, todos unidos por uma gama variada de sentimentos como nostalgia, devoção e curiosidade.
Assim foi a experiência de assistir “Led Zeppelin: Celebration Day” na noite do  Sábado (03/11/2012). Logo de início, a bateria já denunciava o que estaria por vir: “Good times, Bad times”, primeira música do álbum de estreia. No palco, os “jovens senhores”, Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones demonstravam que a noite seria longa. Auxiliados por Jason Bonham (filho do falecido baterista, John Bonham), os três propiciaram, literalmente um espetáculo. Logo a seguir, mais dois clássicos, “Ramble on” e “ Black Dog”.  A essa altura a plateia já estava ganha. Percebendo isso, eles se arriscaram com a longuíssima (porém, não menos bela) “In my time of Dying”. Algo que deve ser ressaltado é que o set list contemplou praticamente todas as fases da banda, o que abriu espaço para músicas menos conhecidas  como “Nobody´s fault but mine”  e “ For your life (esta executada pela primeira vez), ambas do disco “Presence”. O desfile de clássicos não parava. Ia da emocionante e etérea “Since I be loving you” à épica “ Kashmir”, passando pelo maior sucesso da banda “Stairway to heaven”( esta, numa versão muito aquém do original).
Números clássicos do Led Zeppelin também tiveram vez. O primeiro foi o trecho em que Jimmy Page toca a guitarra com um arco em “Dazed and confused” (em uma pirâmide de neon de gosto bastante questionável). Felizmente, dessa vez, ele foi econômico e não tornou uma música impactante (dentro da sua concepção original) como “Dazed and confused” num epopeia infindável de 28 minutos como a versão do filme “The song remains the same”. O segundo momento é quando o mesmo utiliza uma guitarra de dois braços em “Stairway to haven”. Desta vez, a versão do show de 1975 foi superior
Apesar de a banda ter ensaiado por apenas seis semanas,  houve mais acertos do que erros na execução das músicas. O público que conhece minimamente as músicas da banda irá perceber que elas não são executadas tão intensamente como em outros tempos. O andamento das músicas é muito mais cadenciado, tanto pelas limitações físicas dos músicos, como pela limitação vocal de Robert Plant, que obviamente não consegue executar os vocais com a mesma precisão de outrora. O destaque dos músicos fica por conta do baterista Jason Bonham. Assim como o pai, ele espanca “gentilmente” a bateria em sequências intensas.
O final catártico com “Whole lotta Love” e “Rock and Roll” nos deixa a sensação de que o Led Zeppelin ainda tem muito a nos oferecer, mesmo que não produzam nada há mais de trinta anos e nos dá a certeza de que eles estão, definitivamente, no panteão dos maiores do rock n´roll.

3 comentários:

  1. Se não fosse por John Paul Jones, eu não seria baixista! A linha que ele faz em "The Lemon Song" mudou a minha vida. Eu tinha 11 anos e soube naquele instante que o baixo seria meu instrumento! Texto arretado, Fernandão!

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  2. Incrível como a mágica do Led Zeppelin resiste ao tempo, com todos os excessos e experimentos que a banda fez ao longo da carreira. Tudo o que veio depois de Physical Graffitti poderia nem ter acontecido, mas ouvir e vê-los nessa fase duvidosa é muuuuuuuuuuito melhor do que as genialidades (sem ironia) que vieram depois. Recomendo o filme em que Page dialoga verbal e instrumentalmente com Jack White e The Edge. Tudo genial! Mas aí a gente vê como o Led Zeppelin voa alto! Fernando Ramos

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  3. Inveja tua, queria ter visto... Agora com o texto deu mais vontade de ir atrás do show!

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