Quando o Muse
lançou em junho a música “Survival” algo já me dizia que a vertente pop evidenciada
no último álbum da banda “The Resistance” iria prevalecer. Até aí tudo bem! Era
possível acreditar que apesar de deixarem de lado as influências hard rock/
heavy metal/música clássica dos primeiros discos que os consagraram. A
sonoridade mais pesada, de certa forma, seria preservada. Ledo engano!
A nova guinada
(para pior) do Muse se revelaria rapidamente com o lançamento do primeiro
single, “Unsustainable” do novo disco, “The second Law”. A música é uma
tentativa meio amalucada da banda de misturar a influência de música clássica
com Kraftwerk, com vocais robóticos/computadorizados sem o menor sentido. Já
foi o suficiente para esperar uma verdadeira bomba, pois “Survival” e
“Unsustainable” eram músicas muito aquém do que o Muse poderia produzir.
Com o
lançamento do disco em outubro minhas piores expectativas foram confirmadas, mas
é possível acreditar que há salvação. Se o disco for analisado faixa a faixa
será perceptível que a banda decidiu reproduzir, com muita intensidade, um som
dos anos 1980 de deixar o The killers com inveja. É um sem-fim de
sintetizadores e baterias eletrônicas! “ Madness” é um exemplo claro disso. Uma
tentativa frustrante da banda soar “pop” talvez objetivando a execução em
rádios mundo afora. “Panic Station” caberia fácil em qualquer disco no INXS e
“Follow me” deve ter sido composta com o objetivo de entrar na trilha sonora de
“Crepúsculo”. E por aí o disco segue a mesma toada com “Big Freeze” e “Save me”
(uma baladinha medonha por sinal).
Algumas
referências dos discos anteriores estão lá. “Survival”, música que foi usada
como tema das últimas olimpíadas, remete à influência visível que a banda sofre
do Queen (a estrutura operística da música lembra, muito distantemente,
“Bohemian Rhapsody). Em termos comparativos dos discos anteriores basta ouvir
“United States of Eurasia” e “Knights of Cydonia” (essa sim, utiliza o melhor
do que o Queen pode influenciar a banda). Ao escutar “Explorers” virá à cabeça
do ouvinte mais atento “Invincible”.
Mas nem tudo é
escuridão nesse disco novo. “Liquid State” é o tipo de música que mais se
aproxima da sonoridade pesada que consagrou a banda. Desta feita, os efeitos
eletrônicos são extremamente bem utilizados, ajudando a dar uma sonoridade
diferente a algo já conhecido. Em “Animals” sai o eletrônico e em uma rara
oportunidade do disco ouvimos o que o trio pode oferecer de melhor: um som
marcado pela bateria, com uma influência melódica e com uma guitarra coesa e
sem firulas. Possivelmente a melhor música do disco.
Mudanças
dentro de uma banda de rock quase sempre são bem-vindas. Quando eu digo
“quase”, cito imediatamente o exemplo do Ramones. Quando tentaram fazer algo
muito diferente no disco “End of the century” realizaram um disco detestado
pela crítica, pelos fãs e posteriormente os mesmos declarariam não ter ficado
satisfeito com o trabalho. O Muse é uma banda que possui um leque muito maior
de variação musical do que o Ramones (antes que os fãs de Ramones comecem a
chiadeira, não estou falando que por causa disso o Muse é melhor) e, portanto,
se arriscam mais e deslizes como esses podem acontecer. Mas como diriam os Mutantes
em uma de suas músicas “Não queira dar um passo mais largo do que suas pernas
podem dar”. Espero que o trio inglês tenha aprendido que eletrônico,
definitivamente não é a praia deles.
kkkkkkkk Perfeito. Essa viadagem de "flertar" com eletrônico é um perigo. O U2, o creme de lá creme do pop, "flertou" (que já é um termo bem viadinho, mas deixa pra lá) no Achtung Baby, conseguiu ir bem,. Porém, em seguida caíram onde o perigo mora e acabou se empolgando, lançando duas merdas como Zooropa e Pop. Por mim, pras bandas pesadas ou pegada pop rock, 0,1% de eletrônico é o limite, mas se for usar da fonte, beba com moderação. Claro que isso é um gosto pessoal.
ResponderExcluirPorra, Guga! Esse exemplo do U2 foi perfeito. Tinha me esquecido. Mas é muito isso mesmo. Se não tem domínio sobre algo não inventa de fazer o que não sabe. Deixa esse lance de eletrônico pra quem sabe, como Chemical Brothers, Prodigy, etc.
ResponderExcluirPutz, Guga, que observação mais pertinente! A comparação com o U2 foi realmente sensacional! E, diga-se de passagem, por mais que eles tenham show maravilhosos, gosto do U2 de antigamente... (me sentindo Giba falando! kkk)
ResponderExcluirEu sou muito suspeito pra falar de Muse, porque quando você vira fã da banda é complicado analisar friamente. Acredito que a tendência é de eles aumentarem cada vez mais essa proposta de música eletrônica com orquestração.
ResponderExcluirConfesso que curti as duas últimas músicas. Unsustainable tem aquele choque com o dubstep e tal. Acho que a ideia era trazer essa vibe robótica, futurística, pra representar o (possível) caos existente nas letras. Gosto do drama feito até a hora que entra o robô. Isolated System pra mim é linda e a bateria eletrônica tem um casamento perfeito com a orquestra e o piano.
Eles também foram muito influenciados pelo som do U2 neste álbum - dá pra sacar muito bem na guitarra de Big Freeze e nos vocais de Follow Me. Até pelo fato de terem feito aquela tour juntos recentemente.
Ah, e concordo que Animals é a melhor. A guitarrinha brincando naquelas escalas é viciante.
Quanto à vertente pop, concordo contigo. Mas acho que eles podem voltar a caminhar por uma estrada mais rock e alternativa aproveitando as experiências com música eletrônica.
Procura depois, Fernando, o making of do álbum no youtube. É do caralho ver como eles produziram tudo.
Grande Elias
ResponderExcluirConcordo que eles atingiram o objetivo e seguiram uma linha de trabalho coerente. O que não me agradou foi justamente a opção que eles fizeram em continuar. Mas não duvido que tenha sido muito bem produzido. Vou conferir o making of. Valeu pela dica. Grande abraço, meu velho!