domingo, 4 de maio de 2014

Chaka Nights - por Fernando Lucchesi


Ao buscar referências sobre o disco “Chaka Nights” do músico pernambucano Ricardo Chacon pela internet, a palavra que certamente mais irá aparecer é indie rock. É bem verdade que aquelas guitarras típicas do indie rock estão em várias das músicas, mas seria simplificar demais as influências que o músico optou por colocar em seu trabalho solo de estreia. O já mencionado estilo indie, psicodelia, rock n’roll e até mesmo reggae estão no caldeirão de influências do músico.

A sonoridade do disco está influenciada por uma fase de pop/psicodelia do final dos anos 1960/1970. A bela introdução de “Não sei lidar”, primeira faixa do álbum, serve como um cartão de visitas. Parece que estamos ouvindo uma faixa do clássico de Ronnie Von de 1967. As guitarras e as melodias comprovam isso. Já “Mil razões”, a melhor faixa do disco, revela a face roqueira do músico: riff extremamente “pegajoso”, melodia acelerada e vocais em segundo plano, algo próximo do Black Rebel Motorcycle Club em seus melhores dias. Ela, juntamente com “Nonsense”, é a que mais se aproximam do rótulo genérico de indie.  “Nonsense” traz a típica guitarra indie e tem seu alicerce no som produzido por bandas como Placebo e Sonic Youth (este em uma fase mais “leve”).

"While in a great Sunshine” parece simplesmente uma faixa de transição para a outra parte do disco recheado de uma sonoridade que remete a um som de influência regional. E é essa parte que apresenta maiores problemas. As referências são meio óbvias e as músicas soam muito parecidas com as de outras bandas locais. Pode-se até falar em uma certa falta de ousadia. “Telefonar” e “Só meu amigo”, por exemplo, poderiam estar em algum disco do Mombojó facilmente. O ponto positivo dessas duas faixas é que o músico não abre mão das guitarras psicodélicas. “A casa e a praia”, um reagge com arranjos de metais, remete a uma sonoridade que poderia ser confundida com algo do Eddie.         

Problemas à parte, a estreia de Chacon nos permite vislumbrar um futuro promissor para o músico desde que enverede pela sonoridade psicodélica, pois é ali onde está o ponto forte do autor: composições inspiradas, melodias intensas e uma guitarra despretensiosa, porém, eficiente. Depende dele, parafraseando o título de umas das músicas, resistir ao teste do tempo. Talento para isso ele provou que tem.

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